4.12.11

porque a Escrevente cai na fenda - como Alice no País das Maravilhas*

CAINDO NA FENDA

acalento cada novo escrito que me nasce
como um filho renascido do pós-morte

alimento
cultivo
fomento

e de repente
por uma fenda na linha onde escrevo

consigo ver
o pátio da casa da infância
(a árvore ainda no jardim)

ouço nítida
a canção da brincadeira de roda na rua
(a voz materna chamando para dentro)

o cheiro de pão fresco no olho da mãe

..

de repente
por uma fenda na linha do tempo onde escrevo
consigo escre(ver) a Vida

(Curiosa)

..

*
porque a Escrevente, vez em quando, precisa sair da realidade.
e o que temos hoje de recursos para isso?
álcool, drogas infinitas ...?
pois! esses já não me fazem ver a fenda ...

escrever é o único vício que me tem feito cair na fenda ...

ultimamente, tenho enchido caderninhos de poemetos,
ao ponto de reescrever uma dezena de vezes
cada escrito para considerá-lo acabado ...

depois de cheio o caderno, tiro as folhas e as jogo ao vento ...
ou as largo nos banheiros do meu trabalho,
ou na sala de espera de um consultório médico,
a fim de que sejam lidas .... objetivo último de qualquer poema ...

e assim consigo sobreviver a mim ...

8 comentários:

Moran, andarilho disse...

Curiosa, lindo Blog! E tu tens o dom da "visão"... tu consegues ver por entre a fresta que há entre os mundos. Ver o real por trás das aparências, do banal, do trivial. E que se manifesta em versos ricos, versos com som, sabores e cores. Aqui aportei... aqui voltarei. bjs, Moran

Dilmar Gomes disse...

Amiga curiosa, amei o teu poema. Bela construção. É bonito ver a poetisa dando seu toque pessoal à ferramenta palavra. Continues cultivando este santo vício: "escrevendo".
Um grande abraço. Tenhas uma linda noite.

Anônimo disse...

Me encanta Alicia y sus agujeros espejo

Unknown disse...

o que escrivinhas pulsa…

Rodrigo de Assis Passos disse...

Versos a terça-feira
Não acorda não mulher.

Cansa acordar.
Cansa tanta coisa.
O sol está tão velho na janela.
Estica sua pele e deixe que as ilusões nos ajuntem.
Não ponha seu vestido, seremos sempre provisórios para as horas.
Seremos sempre fracos, errado e alguém sempre abrirá nossa porta.
Voltemos ao ritmo, ao tato, a ânsia tardia é nosso prelúdio.

Rodrigo Passos

Sotnas disse...

Olá Curiosa, que tudo permaneça sempre bem contigo!

E que assim Deus sempre a conserve, com este vício de nos brindar com estas tuas belas curiosidades em forma de poemas, e assim sempre haverá curiosos por cá, assim feito eu, deveras curioso e agradecido por tuas curiosidades por cá postadas, ale da tua amizade e visitas!
E assim sempre encantado deixo meu agradecimento e meu desejo que você e todos ao teu redor tenham um tão feliz quanto intenso viver, abraços e até mais!

► JOTA ENE ◄ disse...

ººº
Gostei da poesia ...

*** Cris *** disse...

Bom dia!
Às vezes há essa necessidade de sermos vistos, de sermos lidos...
Bjs!

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