20.12.11

porque a Escrevente se encoleriza

UM EPIGRAMA PARA DUAS LÁPIDES ABANDONADAS

ela queria antes de tudo sexo
quando seus homens escolhia
simples e carnal sexo
nada de mais abstrato lhe apetecia

e sob mal interpretado querer
a trama de uma vida se desenrola
duas vezes viúva a senhora
ainda sem gozar sua cona

(Curiosa)

..

4.12.11

porque a Escrevente cai na fenda - como Alice no País das Maravilhas*

CAINDO NA FENDA

acalento cada novo escrito que me nasce
como um filho renascido do pós-morte

alimento
cultivo
fomento

e de repente
por uma fenda na linha onde escrevo

consigo ver
o pátio da casa da infância
(a árvore ainda no jardim)

ouço nítida
a canção da brincadeira de roda na rua
(a voz materna chamando para dentro)

o cheiro de pão fresco no olho da mãe

..

de repente
por uma fenda na linha do tempo onde escrevo
consigo escre(ver) a Vida

(Curiosa)

..

*
porque a Escrevente, vez em quando, precisa sair da realidade.
e o que temos hoje de recursos para isso?
álcool, drogas infinitas ...?
pois! esses já não me fazem ver a fenda ...

escrever é o único vício que me tem feito cair na fenda ...

ultimamente, tenho enchido caderninhos de poemetos,
ao ponto de reescrever uma dezena de vezes
cada escrito para considerá-lo acabado ...

depois de cheio o caderno, tiro as folhas e as jogo ao vento ...
ou as largo nos banheiros do meu trabalho,
ou na sala de espera de um consultório médico,
a fim de que sejam lidas .... objetivo último de qualquer poema ...

e assim consigo sobreviver a mim ...

2.12.11

porque delirar é o mais científico que a Escrevente pode ser

DIVERSIDADE EXISTENCIAL

creio em várias realidades

múltiplos caminhos
criados
por nossa
intenção e vontade

(conscientes ou inconscientes)

o átomo toma forma real
segundo cada possibilidade
formando nova totalidade
sob a superfície sem costura
onde nos movimentamos

nesses mesmos
espaços-tempos
constituídos

vivemos

não uma encarnação de cada vez
mas todas
ao mesmo tempo
infinitamente conectadas

(Curiosa)


28.11.11

porque a Escrevente foi entrevistada e experimentou a lisonja

verdade! entrevistada ...

é que o Léo, do Blog SeximaginariuM,
por algum motivo alheio ao meu conhecimento,
achou que eu daria uma boa postagem em seu famoso talksexi,
onde desfilam renomados blogueiros, em entrevistas deliciosas ...

experimentei a lisonja ...
foi bom para mim ... deu até medo ...
ela dá boa massageada no ego ... e poderia me dominar facilmente ...
mas só me restou aceitar o convite, pois já disse François La Rochefoucauld:
Quem recusa uma lisonja é porque procura ser lisonjeado duas vezes.

grata, Léo ... você me lisonjeou nas várias vezes em que me convidou ...
e eu não pude ser humilde em aceitar da primeira vez ... hoje percebo ...
é uma honra, Léo, amigo, estar publicada em seu espaço ... 

há anos estamos juntos aqui na blogosfera e
é um prazer compartilhar meu tempo e meu espaço com você
e com todos que por aqui param para deixar
seu contato de carinho ... agradecida ...

veja a entrevista aqui.

24.11.11

porque os clássicos nem sempre satisfazem a Escrevente

ÀS VEZES TENHO IDEIAS FELIZES

Às vezes tenho ideias felizes,
Ideias subitamente felizes, em ideias
E nas palavras em que naturalmente se despejam ...

Depois de escrever, leio...
Porque escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu ...

(...)

(Álvaro de Campos)

..

engraçado ... eu leio o que escrevo e penso:
- nossa! eu sou muito melhor que isso ...
(talvez porque eu não seja nenhuma 'Fernando Pessoa' ... )

quicá conseguisse eu expressar em palavras o belo que por instantes me cruza ...
ah! se eu lograsse expressar todo o desalento que já me passou pela alma ...
ah! seu eu encontrasse palavras para nomear o sentido que a vida me tem ...

mas não ...
sobre nada escrevo com propriedade ...
nada que escrevo é melhor que eu ...
eu sou mais do que o que consigo expressar ... e muito melhor ...
assim como todo ser humano o é ... assim como o poeta ...

acho que o poeta teve foi uma ideia infeliz ...
penso que nem mesmo ele, ainda que com vasta obra,
tenha conseguido expressar o seu todo e/ou o seu melhor ...

e isso porque a Humanidade ainda não logra fazê-lo,
nem moralmente, já que ainda grassam fome e miséria mundo afora,
nem biologicamente, uma vez que usamos pequena parte do cérebro ...

então, eu perdoo o poeta, que antes de poeta, é humano ...



23.11.11

porque a Escrevente passa tempo pensando no tempo

INFÂNCIA

no tempo
em que eu tinha todo o tempo do mundo
o tempo não existia

sempre era hora para brincar de roda
ou para viajar em um faz de conta

naquele tempo, o tempo era agora
um agora de eterno deslumbramento

(Curiosa)

8.11.11

25.10.11

porque os Eus da Escrevente se manifestam


a Escrevente anda a trabalhar demais. 12h por dia.
não foi ideia minha. nem dela. foi de uma outra de nós. uma que não escreve.
a cética. a que atravessa a rua quando iria cruzar com uma Filosofia qualquer.
a que torce os beiços frente aos escritos da Escrevente.
mais: fica com vergonha deles.

ela é do tipo trabalhadeira: baixa a cabeça e encara. tudo para não pensar.
tudo para o tempo passar. ela só precisa se manter viva. e a Vida passará.
este é seu lema: manter o corpo vivo. a mente, por ela, morria.

ela sente vergonha mesmo, talvez asco, em ver sua intimidade
escancarada na Palavra da Escrevente. tudo que a cética
esconde dela mesma, está publicado neste blog.

e nenhum ser humano, de perto, é bonito de se ver.
muito menos bonita, ainda, a Escrevente e seus Eus.

porque revelar isso tudo?
por que, afinal, a Escrevente nos expõe assim?

..

eu sei. ela escreve para continuar existindo.
e nós, os outros Eus, só existimos porque ela escreve.
simples assim.

..

para aquela que tem vergonha,
a Escrevente, em pessoa,
responde-lhe, em poema:


CORPO E ALMA

pede ele
pela metafísica
implora ela
pela matéria

corpo e alma
conjunção sagrada
cuja plenitude
está no gozo
e na Poesia

(Curiosa)


..

14.10.11

porque a Escrevente gosta da Pessoa, não do binarismo macho/fêmea



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AMOR ANDRÓGINO

teu corpo
fortaleza
- delicado
acorda desejo
nunca antes
professado:

quero-te
muito além
do falo
lânguida fêmea
em macho vassalo

(Curiosa)

2.10.11

a Escrevente responde a um pedido de namoro


RESPOSTA A UM PEDIDO DE NAMORO

se você quer comigo estar

saiba que eu
mordo antes de pensar
palavreio antes de pesar
desenfreio antes de negar
esperneio antes de aceitar

mas - amo - antes de amar

e se me pudesse você suportar
eu lhe poderia amar

mas veja
mal consegue me ler

imagine viver ao meu lado
olho no olho
metamorfose diária
camaleoa-mulher

você se reapaixonaria a cada instante
pelo novo que se lhe apresentasse?

quando você diz querer [comigo] estar
já me limitou - porque me definiu

(Curiosa)

25.9.11

quando a Escrevente quer fazer sexo, escreve limeriques


LIMERIQUE DE UMA POETA NO CIO

estava a poeta espoleta
(se lhe ardia uma verseta!)

mas doesse o físico
ou o metafísico
ela sentia é na boceta

(Curiosa)

....

Limerick - ou Limerique - é um pequeno e curioso poema,
que se usa de humor, ironia, graça ou absurdo em sua construção,
falando impudicamente das partes pudentas,
como bem o disse Luiz Roberto Guedes, aqui.

todo limerique é erótico ... é ainda chulo, reles, grosseiro ... mas acima de tudo, divertido e verdadeiro ...  eu gosto de fazê-los ... eu me diverto ...

o limerique possui cinco versos. os versos 1-2-5 possuem oito sílabas poéticas, que rimam entre si, e os versos 2 e 4, com cinco sílabas poéticas rimando entre si.

10.9.11

porque cada dia é uma conquista desta Escrevente


FRENTE AO INSTANTE DA DOR
ou (IN)SANIDADE

a Poeta
atarantada
de um lado para o outro
repete o que recém pensou
e de novo pensa de novo

e de novo
e de novo

a Vida lhe arrancou as vontades

a Poeta encarcerada
a Poeta dilacerada
a Poeta monocromática
em monopensamento possuída
murmura sua ladainha infinita:

- euvousobreviver euvousobreviver

(enquanto a Vida ri, olhando-a de viés)

(Curiosa)


7.9.11

porque a Escrevente reflete sobre a Poesia e a Morte

poesia não é uma inspiração momentânea sagrada, cuja escrita nunca deva ser alterada. não. já sabemos que os poetas mais famosos se deixaram ficar tempos e tempos buscando a palavra certa para o verso, para a rima; a palavra (que o poeta sabe existir) com a síntese completa do significado mais amplo para caber no verso. essa busca não se dá por vaidade ou algo do gênero, mas porque a poesia nada mais é do que a reflexão do poeta. e por vezes ele não chega onde gostaria, ou demora a chegar.

a poesia é uma inspiração nebulosa, que surge aos rompantes no pensamento. sabe-se que para pensar não usamos palavras e frases inteiras, mas fragmentos de ideias que bastam para nossa própria compreensão interna do momento. somente criamos frases quando falamos ou escrevemos, ou no uso de uma linguagem qualquer, para nos comunicarmos com outros. 

difícil definir uma inspiração. é uma vaga ideia a respeito de algo. eu (porque sempre falo a partir de mim) escrevo para ordenar os pensamentos. por vezes, pego uma dessas inspirações (as mais latentes) e tento colocá-la no papel. a temática fica na minha cabeça, sei o que sinto e o que gostaria de passar para a escrita em relação a ela, mas não visualizo o poema em palavras, ainda ... somente a ideia central. colocada esta ideia central na escrita, o restante das palavras vêm no exercício de reflexão acerca do tema. 

mas o importante a se dizer do poema, é o quanto ele me ajuda a pensar e resolver assuntos internos. e  imagino que assim seja para todo e qualquer poeta. quando digo:

TENTATIVA DE SUICÍDIO

entrou na banheira e
cortou sua razão
- rente à pele

minha ideia inicial foi, em um momento de extrema tristeza, escrever sobre suicídio (o que por si só já seria terapêutico) ...  partindo de uma temática negativa e pessimista, no decorrer da construção do poema, acabei elaborando que me suicidar era o mais irracional que poderia pensar ... e esta ideia foi a que prevaleceu na escrita de meu poema ... acho, inclusive, que saiu um poema positivo.

é isso que a poesia faz comigo, ajuda-me a elaborar (positivamente) minhas questões mais profundas. a prosa nem sempre me dá as devidas condições ou o tempo necessário para internalizar uma temática, como na poesia, que quando vinga, culmina na elaboração de uma nova síntese acerca do assunto.

o poema existe além e aquém da escrita; portanto, o poema nem sempre irá gerar algo escrito ...

entretanto, mesmo quando jogamos a ideia central de um poema no papel, pensamos a respeito, mas não conseguimos levar a escrita adiante, a reflexão estará feita. logo, o objetivo estará alcançado. a poesia ganhou. a poeta ganhou. por outro lado, assim que é escrito, o poema não tem mais nenhuma relação com seu criador. para ele existir terá que ser lido e refletido por outros, que o verão como poema, ou não. (mas essa questão daria um outro artigo, deixemos para outro dia)

enfim, poesia é síntese, antes de tudo.


4.9.11

porque a Escrevente vivencia seu pior período de vida


GÊNESE I

da desolação materna
verteu um universo

(Curiosa)

..



GÊNESE

do choro feminino
nasceu a Água

(Curiosa)

30.8.11

porque a Escrevente buscou ajuda do amado


O CORPO DO AMADO

teu corpo é templo
e somente nele encontro alento

teu peito
são nuvens
onde descanso
meus silêncios
meu gozo
meu choro
meu riso

tua voz é melodia
que dissipa minhas dores

teu ventre é ferro
que elabora a minha seiva

teu corpo é templo
e somente nele me encontro


(Curiosa)


29.8.11

porque vez em quando, a Escrevente se poeticida


POETICÍDIO

jogou o Verso
no precipício

espatifou-se
o Poema
ao chão

e a Poeta
- no mesmo instante
estrebuchou
disletrada


(Curiosa)

...


28.8.11

porque a Escrevente tem fome e não sabe de quê


MATANDO A FOME

o corpo
lhe exige o pão de cada dia 

e a Poeta lhe atira versos

sussurrando, enternecida:
- você acha que a Dor vem da matéria?

puah!
o rombo
que lhe arde no estômago
nasce na minha Filosofia,
mora no meu dia-a-dia,
e só morre com a minha Poesia.

(Curiosa)

..

15.8.11

porque a Escrevente goza na tarde ensolarada


SINCRONICIDADE

a tarde
assanhada
me seduz
refestelando
sóis e violetas

eu acedo
atardanhada
e me entrego
escregozando
odes e poemetas

(Curiosa)
..

10.8.11

porque a Escrevente queria escrever um Poema por dia

UM DIA DE CADA VEZ

fazer um poema por dia
(auto-promessa de epifania!)
evita ao coração a sangria
e da alma tira a agonia

(Curiosa)

9.8.11

porque a Escrevente busca manter a sanidade

SANIDADE

quando o vento
fizer bater a janela
bradando teu nome
em uivo doloroso
eu não ouvirei

quando a tarde
escrever teu nome
no amarelo do sol
em desespero luminoso
eu não olharei

quando a dor
esmorecer a esperança
chorando teu nome
em expurgo pesaroso
eu não amarei

(Curiosa)

2.8.11

porque a Escrevente traz uma questão filosófica

QUESTÃO FILOSÓFICA DO DIA

agora
quando ninguém me vê
eu existo mesmo?

..

geminiana não deveria morar sozinha .. nunca ...
é preciso comentar a Vida que lhe passa ...



16.7.11

a Escrevente ficou sem título mais uma vez


TEU RISO

ao som do riso
do amado
a Poeta
sai da analgesia
atira-se à ventania
embarca na fantasia
e  goza na Poesia

(Curiosa)

11.7.11

porque no Inverno, o corpo da Escrevente pede


MASTURBAÇÃO

pego o instante
e o enfeito

rosa-carmim
em nosso leito

e teu pensamento
´gozando em mim

(Curiosa)

..

quando está frio, eu quero dormir acompanhada ...
quero estar apaixonada ... fazer amor, emocionada ...
dormir aconchegada e acordar com uma trepada ...
(sorry pela rima pobre ... não resisti - porque é meu desejo ...)

o frio une a Humanidade ...


10.7.11

porque a Escrevente ama

TEU NOME

como um raio - pontiagudo e afiado
que mancha a Palavra a carmim
teu nome - quando pronunciado
crava um verso novo em mim

Curiosa

..



1.7.11

porque nem sempre a Escrevente ama o Outro



















o amor e a repulsa pululam lado a lado
entrelaçam-se-continua-mente
emaranhando-se
pelos pequenos atos
escoantes-e-apertados
da vida vivida

(Curiosa)



30.6.11

porque as dores fazem a Escrevente free-losofar

PARINDO DORES

acalento cada dor emergente
como um filho novo que nasce

sem elas, que seria eu?
alma embrutecida
vivendo em disfarce

(Curiosa)

..

3.5.11

porque a Escrevente sente o peso da Matéria

imagem de Esther Ferrer, ‘Música Celestial’


o Corpo canta
em Poesia Concreta
o duro pranto da
Existência

(Curiosa)

27.4.11

porque a Escrevente é geminiana

 ALTERIDADE

quando eu não estou
umas de mim
assumem o controle

(Curiosa)

..

EUTERIDADE

umas de mim
não sei quem são

(Curiosa)

21.4.11

porque o tempo ensinou a Escrevente a gozar

ESPERANDO

a espera arde a fome

fome de ter dentro
inteiro
lento

torvelinho
colorido no ventre
- teus braços

a palavra
estrangulada na garganta
até derramar teu nome
em gozo
esguichado
tateado lambido escorrido
amado

abro os olhos

à espera
que arde a fome ...

 (Curiosa)

17.4.11

porque o choro da Escrevente origina Vida



do choro femino
nasceu a água

da ação feminina
nasceu o barro

da inquietação feminina
nasceu a Palavra


(Curiosa)

9.4.11

porque a Escrevente transcendendo pelo sexo

o erótico nos tira da animalidade e nos leva ao humano
a sexualidade consciente nos permite transcender o humano


7.4.11

porque a Escrevente sabe do poder das palavras




RODA-VIVA

a palavra é essência
o corpo é falta

quando a palavra se nega
o corpo não é

mas o corpo sendo
cria novas palavras

(Curiosa)


20.3.11

quando a Escrevente não quer mais lutar contra moinhos


OBSERVANDO

Sim
as horas de trégua

quando se afiam
as facas

(Eunice Arruda)


...


ok! trata-se de uma brincadeirinha ...
na verdade, estou MESMO é tentando não brigar com o Mundo ...
exercito diariamente o 'ouvir, aceitar e não-julgar' ...
isso me é um desafio ... julgar é o que melhor faz uma geminiana ...

12.3.11

porque a a Escrevente teme a mãe-natureza

TSUNAMI:
MÃE-DEVORADORA

mãe-primordial
agua-progenitora

matriarca
possessiva

emborca os filhos

- purificadora

devolvendo-os
ao caudaloso
ventre primeiro

renascidas
em cada gota
rebatizadas almas
sobem ao céus
evaporando-se
do pecado 
da Existência

quem beber de suas fontes
jamais terá sede

(Curiosa)

11.3.11

porque a Escrevente é o abismo de si mesma


ABISMAL

sou poço sem fim

compelida pela vida
subo ao infinito
em busca do Eros perdido
por trás das máscaras deste mundo

expurgada pela vida
atiro-me ao fundo, cega
fugindo das sombras
daquilo que criei

onde eu principio
é um sonho louco
no qual sótãos
monstros e deuses
fazem de mim o que sou

(Curiosa)

1.3.11

porque a Escrevente é Heroína


VIVENDO


a Heroína
em farrapos
perdeu-se nela mesma

em sua trilha
sabedoria? 
não! 
sandice 
desatino
 
pois ela deve triunfar 
em meio ao seu
próprio 
irracional
obscuro 
desconhecido 
mundo interior

a Heroína não cria a si mesma
ela apenas acontece para ela mesma

(Curiosa)

24.2.11

porque a Escrevente não se revela fora da Poesia

AUTO-PENITÊNCIA

eu vou escrever
somente poesia

vou escrever 
somente poesia

escrever 
somente 
poesia

somente 
poesia

poesia
poesia
poesia poesia
poesia poesia poesia
poesia poesia poesia poesia
poesia poesia poesia poesia poesia

(Poesia)

11.2.11

porque a Escrevente precisa aprender a ser humilde


 PENITÊNCIA

só por hoje
não vou escrever, senão para Poetar
não vou olhar, senão para a ceitar
não vou amar, senão para Amar

(Curiosa)

4.2.11

Heroína de Mim

do centro do castelo da minha Vida
subo e desço - entre a mais alta torre
e o mais profundo calabouço

caminho sinuoso  - fere-se
a alma em pontas de desgosto - afiadas

vendo a ilusão que me vai embora
cintilantes Dores chegam em grupo
aproxima-se então o Nada
consome minhas cinzas
a Realidade

porém
brisa suave traz o perfume do Alto 
- a heroína intui sua Dimensão Divina

e a cada vez no topo
sonha com a alegria
ilude-se com a Filosofia
e permite que o mundo a veja
vibrante
na vitória de um instante 
- sem sua máscara de agonia

(Curiosa)

31.1.11

porque a Escrevente se percebeu no instante


ECLODINDO

se o instante não me parasse,
e o vento não me levasse,c
e o grilo não me cantasse,
e o sol não me iluminasse,
e o Verde não me desfolhasse,
eu não me saberia ...

(Curiosa)

28.1.11

porque sem você, a Escrevente não existe


sem você sou nada
grão fora d'areia
gota fora d'água

quero o meu perfeito
(todo em efeito)
sendo mulher
em tuas coxas e peito

[Curiosa]

24.1.11

porque a Escrevente busca suas raízes

raízes da Alma

quero raízes que me
prendam a alma ao corpo

não permitam que ela fuja
para mundos distantes e coloridos
abandonando à desdita
o corpo que a sustenta

fica ele perdido
na inexaurível inépcia
física do gueto de si mesmo
buscando sentido pra
tão famigerada existência

porém, à espreita
a alma permanece

o corpo decide, ela nega
o corpo vacila, ela afirma
e se a matéria dói
ela rima

(Curiosa)

21.1.11

a Escrevente vivendo











Eis como estou levando os Dias...
(como o lagarto, claro!)
(rsrsrs ...)
o Amor está na Beleza ao nosso redor ...
..
mas, sou geminiana 
- em vinte minutos, tudo pode mudar ...
..

Veja mais dessas tirinhas maravilhosas no blog: Os bichinhos de jardim.

20.1.11

17.1.11

porque a Escrevente se atira em sua própria vida


eu, ainda em férias,  procurando a beleza da Vida,
depois de tantas tragédias entre os que tudo perderam
em enchentes e deslizamentos pelo mundo afora ...



9.1.11

porque a Escrevente-Poeta voa

Se um poeta consegue expressar
a sua infelicidade com toda a felicidade,
como é que poderá ser infeliz?

(Mário Quintana)
...

pois bem, Quintaninha, estou infeliz neste momento!
e descreveria meu estado da maneira mais poética que eu conseguisse,
caso quisesse fazê-lo ...

quisesse, poderia dizer sobre minha:


TRISTEZA 

a Poeta 
chora

voaria 
se pudesse

ou

a Poeta 
voa

choraria
se pudesse

o fato é que não quero tentar poeticar este sentimento,
pois a tristeza me é um Poema que nunca pôde ser decifrado em palavras.

e se não logro traduzir a 'infelicidade com toda felicidade'
tal qual disse o Poeta, talvez nunca seja feliz ...

3.1.11

na Roda da Vida


NA RODA DA VIDA

a cada giro
desabrocho
de mim
e
acordo
- sonhando botões de rosa - 
em teu peito

(Curiosa)

1.1.11

Haicais de Verão


         'A forma de poesia haikai, ou haicai aportuguesado, haiku para os japoneses, é a composição de imagens que, como na linguagem cinematográfica, parte de um cenário geral para o particular, ou, como ensina Bashô, da “permanência” para a “transformação” ou “percepção momentânea” apenas sugerindo, mostrando de relance, cabendo ao leitor sua interpretação, “o que (interpretação do leitor) faz da imperfeição do haiku uma perfeição de arte”, como diz Yone Noguchi.

         A ação se passa no presente e neste sentido, se diz que o haicai é infindável, sua mensagem está sempre ali visível, como uma pintura de imagens. (...) Nas palavras de Haroldo: “no pensamento por imagens do poeta japonês, o haicai funciona como uma espécie de objetiva portátil, apta a captar a realidade circunstante e o mundo interior, e a convertê-los em matéria visível”. Ou como resume Einstein: “o haicai é um esboço impressionista concentrado”.'

        Leia mais no site - NIPOCULTURA - de onde veio texto acima.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...