18.12.13

porque a Escrevente não esquece de lembrar da Morte

SE EU MORRESSE HOJE ou DAS FUTILIDADES HUMANAS

a gaveta do escritório desorganizada
uma unha ainda encravada
um presunto vencido na geladeira
minha blusa preferida: na costureira
- com que roupa seria enterrada?!

Curiosa da Vida




23.9.13

porque a Primavera ilumina a poeta

EQUINÓCIO da PRIMAVERA

dia e noite do mesmo tamanho

sua sombra do tamanho dela mesma
sua fome do tamanho da sua morte
sua vida do tamanho do seu nada

mas
a cada dia
o dia maior que a noite
a luz maior que a sombra
a fome maior que a vida

ela mesma
maior que a morte

desabrocha a poeta
do tamanho da Primavera

(Curiosa da Vida)




3.9.13

porque a Escrevente se sente avelhentada












AVELHENTADA

a garotinha perdida
já velhinha - encontrou-se:

esteve presa em fotografias antigas
de momentos esquecidos da infância
quando seus olhos ainda sabiam ver
a magia do tempo à sua frente

eram tantas as possibilidades de existência
(da sua existência!)
que o mundo se reencaixava
a cada novo pensamento seu
recriando-se
quadro a quadro
como a reprodução de um filme em câmera lenta:
o filme de sua vida
(de suas possíveis vidas)

um filme - que hoje sabe
fixo em uma cena só
descorado pelo tempo
terá o final de todos os filmes
- virar pó

(Curiosa da Vida)

30.6.13

porque o corpo da Escrevente já não lhe comporta



 
 
 
 
 
 
 
VELHICE

a poeta é uma fingidora

finge tão completamente
que chega a fingir que é vida
a morte que deveras sente

(Curiosa)

26.4.13

porque a Escrevente pensa na Morte - diariamente

DONA MORTE

quase tudo
já foi dito
do momento de sua visita

mas
não me contaram
que viria todos os dias

e que a cada vez
a decisão seria minha

(Curiosa)
..

* (e que seria
 sempre único o instante)

(*palavras de meu amigo Assis Freitas, que arrematou o poema com majestade)




7.4.13

porque a Escrevente há de lembrar de esquecer


SOBRE UM AMOR PLATÔNICO II

de repente
na multidão
uma voz
!
!
¨
não é

(...)

a cada dia
esqueço teus olhos
esqueço teu cheiro
esqueço teu jeito

te esqueço

mas tua voz
reverbera
(ainda)
em meu ventre
(autônoma!)

sobe-me
e desce
a kundalini

!!

goza-me
(louca!)
teu riso

que não ouço

teu riso
que esqueci

(Curiosa)


6.3.13

porque a Escrevente precisa de palavras para fazer amor

AO PRÓXIMO AMOR: INFORMAÇÕES BÁSICAS

cada gozo
me requer horas
de pele a pele

nesse tempo
as palavras me seduzirão
mais que o toque

não, não fiques em silêncio
(senão em poucos dias especiais)
pois cada palavra certeira
me molha ao êxtase

e do clímax
também
me trará de volta a tua voz

as palavras
dentro do tempo
definirão o tempo
de minha pequena morte
(e definirão se ela existirá)

então
meu próximo amor
tuas palavras 
serão o nosso tempo

(Curiosa)




23.2.13

crossdresser

CROSSDRESSER

tem nuances
de rosa
na alma

umidade feminina
nas entranhas

poderes uterinos
no pênis

sabor de poesia
no olhar

(Curiosa)

..



11.2.13

porque a Escrevente volta a entrever o Poema

METAPOÉTICA

o poema
existe por si só

vez que outra
conseguimos decifrá-lo
decodificando-o em palavras

o poema
é como o brilho de uma estrela:
quando nós o escrevemos
ele já não está mais lá

(Curiosa)





6.2.13

Porque a escrevente ficou sem título, mais uma vez

SOBRIEDADE

somente por hoje
eu não te lembrei
eu não te fumei 
nem te bebi

somente por hoje
eu não te chorei
eu não te amei
não te odiei

e nem mesmo te sofri

somente por hoje

(Curiosa)


6.1.13

porque a Escrevente fez um plágio de Vinícius de Moraes

SONETO DA inFELICIDADE

de tudo ao meu amor eu fui atenta
antes, e com tal zelo, e sempre e tanto
que mesmo em face do maior desencanto
dele se encantava mais meu pensamento

quis vivê-lo em cada vão momento
em seu louvor cantei seu canto
ri seu riso e derramei seu pranto
vivi seu pesar ou seu contentamento

e assim quando mais tarde me encontrou
a indignidade, angústia de quem ama
ou a solidão, fim de quem vive

eu pude dizer algo do amor (que não tive):
que era mortal, posto que não mais inflama
sendo finito, como todos os que eu tive


(Curiosa)
[plagiando Vinícius de Moraes, claro - do seu Soneto da Fidelidade]

*feito em 2010 e reeditado em 06/01/2013
 ....

1.1.13

porque a Escrevente sente acabar o mundo quando namora

O TEMPO DO SEXO

fins-de-mundo sucumbem
pelo calendário de seu nome

eras psíquicas se sucedem
pelo sincretismo de seu nome

amores nascem e morrem
pelos desvãos de seu nome

grito seu nome - meu amor
e assim vou tecendo meu tempo:
a cada gozo - amanheço você

(Curiosa - dez/2010)

...




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